terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Educação e esporte a combinação perfeita

Sabemos que a prática de esporte é um instrumento educacional que propicia o desenvolvimento tanto individual quanto social da criança.
O esporte, infelizmente, não é utilizado pelas instituições educacionais na proporção que deveria. Através da prática esportiva promovemos a socialização, a rotina, o cumprimento de regras, o respeito, a persistência, o saber competir, o aguardar a sua vez, o romper limites, o saber ganhar, o saber perder e muitos outros quesitos. É uma fonte inesgotável de conceitos éticos e morais tão importantes para a formação do indivíduo. 
Quando falo em esporte não estou me referindo à Educação Física e sim a uma opção esportiva. O esporte é uma ramificação da Educação Física, porém deve existir independente dela. O professor de Educação Física deve sim proporcionar o conhecimento de cada esporte para que o indivíduo possa optar, com competência, qual esporte gostaria de praticar. A Educação Física faz parte do currículo escolar e é aplicada no período em que o indivíduo freqüenta as aulas. O esporte deve ser proporcionado pela escola em horário oposto às aulas para que o indivíduo possa freqüentar e se dedicar. 
O esporte tem a magia de integrar o indivíduo independente da classe social, raça ou religião. Desenvolve no indivíduo a capacidade de trabalhar em grupo, de cumprir horário, de saber ouvir, de conhecer o próprio limite, conhecer o próprio corpo, de admitir que precisa melhorar, respeitar as diferenças e tantos outros aspectos tão difíceis de serem conscientizados, além de evitar o sedentarismo tão comum nos dias de hoje onde o indivíduo passa horas sentado em frente a um computador ou a uma televisão seja assistindo ou jogando videogame. 
O esporte deve ser o maior aliado da educação. Juntos promovem o desenvolvimento integral do indivíduo de forma harmoniosa e sadia despertando para a cidadania e assim formando pessoas de bem. 
Presenciamos no Pan-americano 2007 que nossos atletas embora estejam nos proporcionando tanta alegria pelo desempenho que estão tendo, não tiveram o mínimo de incentivo nem das escolas, nem do governo. Em cada entrevista com nossos atletas vencedores ficamos sabendo que o esforço foi próprio e de algum “anjo bom” que o auxiliou e o incentivou muitas vezes até comprando um par de tênis para que ele parasse de treinar descalço. 
É realidade que os patrocinadores investem em times que estão ganhando. O atleta que tem potencial e quer treinar, porém ainda não se destacou ninguém o enxerga. Somente após uma medalha conseguida é que ele passa a ser conhecido e então patrocinado. Ocorre que para chegar neste estágio ele teve que se dedicar muito e só conseguiu com o apoio da família e com a própria força de vontade. 
Escola e esporte é a combinação perfeita para uma sociedade mais justa. 
O jovem que estuda num período e que pratica esporte no outro, dentro da própria escola, se manterá ocupado com atividades prazerosas e não estará ocioso nas ruas ocupando o seu tempo aprendendo o que não deve. 
O próprio presidente Lula afirmou que fica muito mais barato para o governo investir em programas de incentivo ao esporte do que na manutenção desse mesmo indivíduo em presídios por ter cometido delitos. Já que se tem esta consciência, vamos colocá-la em prática. 
O esporte sozinho não consegue formar integralmente o indivíduo daí a necessidade da parceria com a educação. Havendo esta parceria o indivíduo será desenvolvido em suas competências cognitivas, sociais, pessoais e produtivas.
 
fonte: Educação e esporte a combinação perfeita  por  Cybele Meyer

Europa quer reduzir emissões às custas das florestas latino-americanas

"A produção de biocombustíveis está sendo impulsionada pelos governos dos países industrializados como uma solução 'rápida' para o problema das emissões de gases do efeito estufa, mas estão apenas criando mais problemas do que soluções. Se o que querem é proteger o clima, precisamos proteger as florestas primárias que sobraram", afirmou Maria Eugenia Testa, do Greenpeace Argentina.
Apesar das advertências científicas e denúncias feitas por entidades internacionais sobre a ameaça que os biocombustíveis representam às florestas e para a segurança alimentar das pessoas, muitos governos da União Européia e da América Latina continuam promovendo a produção em grande escala do produto.
"Os produtores de biocombustíveis estão colocando em perigo a subsistência das populações mais pobres do mundo ao influenciar os preços dos alimentos", denunciou Testa.
"Por outro lado, a extensão de cultivos de milho, soja ou cana-de-açúcar influenciam também nas terras agrícolas disponíveis, provocando destruição - direta e indiretamente - de ecossistemas naturais, como as florestas tropicais", afirmou.
A regulamentação européia estipula que os combustíveis usados no transporte deverão ter 5,75% de biocombustíveis até 2010 e 20% até 2020.
"A Europa estabeleceu um número que excede sua capacidade de produção e por isso incentiva os países latino-americanos a se tornarem provedores de biocombustíveis no mercado internacional, colocando em risco seu patrimônio natural", criticou Juan Carlos Villalonga, diretor político do Greenpeace Argentina.


fonte: greenpeace

sábado, 22 de novembro de 2008

Onda Verde

 Empresas usam propagandas de responsabilidade ambiental como artifício para atrair consumidores

Além do marketing ambiental, que se tornou estratégia para atrair clientes, existe outra prática recorrente nos últimos tempos, o greenwash, ou verniz verde, expressão usada para se referir a empresas que induzem os consumidores a erros sobre os benefícios ambientais de seus produtos. Em virtude disso, o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável lançou nos dias 4 e 5 de setembro, num simpósio em São Paulo, uma ferramenta para selecionar fornecedores e insumos dentro dos critérios de sustentabilidade. A medida tem como objetivo dar maior transparência evitando que os consumidores sejam vítimas de empresas que, por meio de propagandas, tentam aparentar preocupações ambientais e compromisso com a sustentabilidade, mas na verdade não o faz
Carla Muniz, engenheira que faz pesquisa sobre insumos sustentáveis, diz que muitas vezes os produtos até têm alguns benefícios, mas são tão irrelevantes que não podem ser considerados como sustentáveis. "As empresas costumam valorizar os aspectos positivos de suas mercadorias e omitir o que é negativo", diz a engenheira. Dessa forma, o consumidor não tem elementos suficientes para avaliar o que está comprando e acaba sendo induzido a erro. Há ainda, propagandas muito vagas, algumas dizem que o produto é "verde", "ecologicamente produzido", sem nenhuma explicação. É uma promessa vaga, porque não diz exatamente do que se trata.
Entretanto, é necessário diferenciar marketing ambiental de greenwash. O marketing é muito mais que publicidade, é a adoção de políticas ambientais em todas as atividades de uma empresa, inclusive no seu produto ou serviço. "No greenwash não há preocupação real com o meio ambiente e sim com a imagem ou lucratividade da empresa", explica o gestor ambiental Rafael de Castro. É apenas uma propaganda para iludir o consumidor sobre a preocupação do empreendimento com questões ambientais.
Segundo Carla Muniz, além das propagandas, as empresas também fazem uso de selos que atestam a preocupação ambiental. "É claro que existem muitos selos de instituições sérias, mas há também os falsos", afirma. Muitas ONGs tem selos que reconhecem empresas preocupadas com as causa socioambiental. Elas fazem parceirias com instituições em prol do meio ambiente. A Avina (Fundação Suíça de Meio Ambiente) apóia muitas ONGs que, por sua vez tem um trabalho de acompanhamento dos empreendimento para checar se de fato estão adotando políticas ambientais.
O cidadão deve ficar atento ao greenwash para não ser enganado. "Há boa intenção por parte dos consumidores e as empresas se aproveitam disso", diz Rafael. No Brasil ainda não foi feita nenhuma pesquisa para analisar as promessas de sustentabilidade nas embalagens de produtos. Mas em abril deste ano, o Conar (Conselho Nacional de Auto-regulamentação Publicitária) suspendeu duas campanhas publicitárias da Petrobras. A suspensão ocorreu porque os anúncios passavam uma falsa idéia de que a empresa contribui para o desenvolvimento sustentável do país, quando na verdade a estatal produz um óleo diesel com altos níveis de enxofre.

Ana Carla Rocha - www.iesb.br/

sábado, 21 de junho de 2008

“Esporte de Aventura X Preservação Ambiental”

Opiniões diversas estão presentes sobre o impacto da Corrida de Aventura ao meio ambiente. De um lado Associações Preservacionistas e Ambientalistas do outro Organizadores e Corredores de Aventura todos com discursos convincentes, posições radicais e opostas.

Sem duvida quando analisamos singularmente a Corrida de Aventura, temos que notar seu impacto ambiental. A presença de centenas de atletas transitando por trilhas e caminhos muitas vezes não demarcados, a atitude de alguns destes “mal orientados e educados atletas” deixando resíduos por onde passam, não pode ser ignorada pela natureza e pelos seus amantes.

No entanto a Corrida de Aventura não deixa somente suas marcas imediatas, com ela em modo geral vem uma grande exposição do local por onde passou, e toda a exuberância de sua natureza passa a ser conhecida por pessoas comuns.

Há muito se sabe que preservar esta bem distante de ocultar, que os lugares mais ocultos sofrem por devastações causadas por culturas de subsistências (um dos maiores problemas dos Parques Nacionais), e que o Turismo Sustentável é eficiente ferramenta para preservação ambiental.

Logo a Corrida de Aventura com toda sua exposição de mídia se bem direcionada passa a ser uma eficiente ferramenta de Preservação Ambiental.

Fazendo uma analogia da natureza com uma criança, poderíamos dizer que “Corrida de Aventura serve como uma boa palmada que quando bem direcionada, educa e preserva para o resto da vida, mas se mal dirigida pode ser uma simples surra que nada agrega e somente deixa sua marca”.

Cabe aos organizadores de Corrida de Aventura a responsabilidade pelos locais por onde passam suas provas, para que estas não deixem somente marcas negativas, bem como a todos os educadores formadores de atletas, atletas e amantes do esporte a responsabilidade de causar o mínimo de impacto possível, buscando não somente a preservação da natureza, mas também a do esporte.


José Caputo.
Arquiteto Ambientalista e atleta precursor
de corrida de aventura no Brasil.

texto publicado no Guia Ecoadventure 2003/2004

quinta-feira, 6 de março de 2008

Mountainbike - Nutrição

Com relação a exigência física, o mountain bike envolve tanto resistência cardio-respiratória como força muscular intensa. Por essa razão, os cuidados nutricionais devem ser otimizados nessa modalidade.
Para se ter idéia, o gasto calórico de uma atleta de mountain bike pode chegar a 6000 calorias por dia. Essas calorias devem ser preenchidas, em sua maioria, de alimentos fontes de carboidratos, que representam a maior fonte energética durante a atividade esportiva. De uma forma geral, recomenda-se que a dieta do atleta de mountain bike seja composta por uma quantidade de 60 a 70% de carboidratos.
As maiores fontes de carboidratos são massas, pães, arroz, batata, cereais e biscoitos. As proteínas também merecem atenção especial, pois estão intimamente ligadas aos processos de recuperação muscular. São fontes de proteínas as carnes em geral, frango, peixe, leite e derivados. Esses alimentos, assim como deve acontecer com os carboidratos, devem estar presentes em todas as refeições dos atletas.

Cuidados nutricionais pré-treino ou competição:
O principal objetivo nesta fase é armazenar energia no músculo. São aumentados, portanto, os carboidratos na dieta. Em casos de competição, esses alimentos devem ser aumentados maciçamente três dias antes da prova. Os alimentos ricos em proteínas (carnes, frango, ovos, queijos etc) devem ser ingeridos em menores proporções, já que a maior fonte de energia deve ser proveniente dos carboidratos.
É importante evitar a ingestão de gorduras, grãos e fibras (folhas, verduras e legumes), que podem causar má digestão. É também importante fracionar a dieta em pelo menos cinco refeições diárias, evitando que o estômago fique muito cheio, e aumentando assim o conteúdo de energia. Caprichar na hidratação é também fundamental para a performance.

Café da manhã pré-competição
Deve-se evitar a ingestão de fibras e alimentos gordurosos, pois podem causar desconforto gastrintestinal logo antes da prova, ou até durante, diminuindo o desempenho. Deve-se retirar as cascas e bagaço das frutas e evitar alimentos estranhos, com os quais não se está acostumado. A dieta deve ser à base de carboidratos e com pouca proteína. Por exemplo: pão com queijo e geléia + 1 suco + 1 pedaço de bolo simples

Reposição nutricional durante treinos e competições
Durante a prática, deve haver preocupação em sempre carregar água e, preferencialmente, bebidas esportivas nas caramanholas ou camel back, pois estas últimas, além de hidratar, fornecem carboidratos. Deve-se também carregar alimentos práticos (barras energéticas, gel de carboidrato, frutas, frutas secas, biscoitos, sanduíches de fácil digestão, como os feitos com bisnaguinha, ou algo igualmente rico em carboidratos e fácil de carregar).
Nessa fase, sugere-se a ingestão de alimentos e bebidas ricas em carboidratos em intervalos de 30 minutos, poupando-se o glicogênio muscular. Deve-se consumir de 30 a 50 gramas de carboidratos por hora, na forma de alimentos e/ou bebidas. A ingestão de líquidos também é fundamental para o desempenho, por isso deve-se tentar beber no mínimo 500ml por hora.

Dicas para o pós-exercício:
Nessa fase, tida como de extrema importância a recuperação total dos atletas, é importante repor as energias gastas durante a atividade extenuante. Nas primeiras horas após a prática, deve-se consumir carboidratos como pães, batatas, macarrão, arroz, etc. Isto irá ajudar na recuperação dos estoques de energia.
A reposição de proteínas, por meio da ingestão de leite ou derivados, ovos, frango, peixes ou outras fontes magras, também deve ocorrer nesta fase. Uma boa dica de refeição na fase pós-prova é um prato de massa com frango ou 1 sanduíche de frios + frutas. Imediatamente após a prova o atleta deve começar a repor os líquidos (água, bebidas isotônicas, sucos, refrigerantes), devendo fazê-la continuamente de forma fracionada.

Equipe RGNutri

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mountain-Bike » Programa de Treinamento

O objetivo desta dica é servir como uma orientação aos ciclistas que desejem ingressar no mundo do mountain-bike competitivo. Ressaltamos que apesar da existência deste mini-guia continua sendo importante uma avaliação completa e detalhada dos objetivos e capacidades de cada biker, sendo para tanto necessária a participação de profissionais de educação física. O acompanhamento especializado tem a vantagem de poder expandir ao máximo a performance do atleta, por permitir um conhecimento mais detalhado de seus potenciais.
Dividimos os MTBikers em quatro categorias. Leia atentamente o que caracteriza cada uma e procure a que melhor corresponde a seu estágio de preparação atual:
Iniciante: Aquele que anda pouco ou muito pouco de bicicleta (até 2 horas semanais) e não costuma enfrentar subidas longas;
Iniciado A: Aquele que anda regularmente, de 2 a 5 horas semanais mas não costuma entrar em competições;
Iniciado B: Aquele que compete esporadicamente e anda de 5 a 10 horas semanais;
Iniciado C: Aquele que está acostumado às competições, treinando mais de 10 horas por semana

Treinos Recomendados (por semana):

Iniciante
Três passeios de 1 hora, no plano, girando bastante o pedal e sem forçar o ritmo. Alongamento seis dias por semana. Nos dias de treino, nos primeiros quinze minutos tem-se o aquecimento e a fase de concentração; nos últimos dez minutos, o relaxamento. Pedalar bem leve nestas partes do treino.

Iniciado A:
Três passeios de 1 hora no plano em ritmo leve, mais um passeio maior, com subidas e descidas, de 2 horas. Alongamento seis dias por semana, e nos dias de treino, antes e depois dos exercícios. Nos treinos, nos primeiros quinze minutos tem-se o aquecimento e a fase de concentração; nos últimos dez minutos, o relaxamento. Pedalar bem leve nestas partes do treino.

Iniciado B:
Dias da Semana:
Dia 1: OFF - descanso.
Dia 2: Oxigenação - 30 km plano, ritmo leve para médio, girando bem.
Dia 3: Intervalado - 40 km plano, ritmo intervalado, alternando uma série de seis exercícios do tipo 2 minutos com ritmo forte e 3 minutos de recuperação ativa (continuar pedalando no giro).
Dia 4: Treino técnico - 20 km em trilhas ou 30 km no asfalto em subidas e descidas em ritmo médio.
Dia 5: OFF - descanso
Dia 6: Recuperação - 20 km no plano, ritmo leve, girando bem.
Dia 7: Distância - 50 km com subidas e descidas, ritmo de médio para pesado.
Dias 2 a 7: alongamento antes e depois do treino. Nos primeiros quinze minutos tem-se o aquecimento e a fase de concentração; nos últimos dez minutos, o relaxamento. Pedalar bem leve nestas partes do treino.
Total da Semana: aproximadamente 170km, com 9 horas de ciclismo semanais.

Iniciado C:
Dias da Semana:
Dia 1: OFF - descanso.
Dia 2: Oxigenação - 40 km plano, ritmo médio, girando bem.
Dia 3: Distância - 50km de subidas e descidas, ritmo médio.
Dia 4: Intervalado - 40 km plano, ritmo intervalado, alternando duas série de quatro exercícios do tipo 2 minutos com ritmo forte e 3 minutos de recuperação ativa (continuar pedalando no giro); com 10 minutos de recuperação ativa entre as séries.
Dia 5: Treino técnico - 30 km em trilhas ou 40 km no asfalto em subidas e descidas. Ritmo de médio para pesado.
Dia 6: Recuperação - 30 km no plano, ritmo leve, girando bem.
Dia 7: Distância - 60 km com subidas e descidas, ritmo de médio para pesado.
Todos os dias: alongamento antes e depois do treino. Nos primeiros quinze minutos tem-se o aquecimento e a fase de concentração; nos últimos dez minutos, o relaxamento. Pedalar bem leve nestas partes do treino.
Total da Semana: aproximadamente 260km, com 14 horas de ciclismo semanais.


fonte: Alexandre Beloussier Cerchiaro
Preparador físico AFC
trilhaseaventuras.com.br

domingo, 4 de novembro de 2007

Rapa Nui - Uma pequena ilha ensina uma grande lição

Em anos recentes, a ciência começou a entender não só o mistério dos moai, mas também o enigma sobre o que causou o colapso da próspera civilização que os construiu. O interessante é que os fatos descobertos não têm apenas valor histórico. Segundo a Encyclopædia Britannica, eles dão "uma lição importante para o mundo moderno".
A lição tem a ver com o uso da Terra e dos seus recursos naturais. É claro que a Terra é muito mais complexa e biologicamente diversificada do que uma ilha, mas isso não quer dizer que devamos ignorar a lição de Rapa Nui. Vamos, então, analisar alguns pontos altos da História dessa ilha. Por volta de 400 EC, as primeiras famílias de colonizadores chegaram de canoa. As únicas testemunhas disso foram as centenas de aves aquáticas que voavam em círculos sobre a ilha.
Uma ilha paradisíaca
A ilha não tinha uma grande variedade de plantas, mas era rica em florestas com árvores como palmeiras, hauhaus e toromiros, além de arbustos, ervas, samambaias e grama. Havia pelo menos seis espécies de pássaros terrestres nessa terra remota, incluindo corujas, garças, saracuras e papagaios. Rapa Nui era também "a mais rica área de reprodução de aves marinhas da Polinésia e provavelmente de todo o Pacífico", diz a revista Discover.
Os colonizadores provavelmente trouxeram para a ilha galinhas e ratazanas comestíveis, que eles consideravam uma iguaria. Também trouxeram plantas como inhame, inhame-da-china, batata-doce, banana e cana-de-açúcar. O solo era bom, de modo que eles começaram imediatamente a limpar a terra e a plantar, um processo que continuou à medida que a população crescia. Mas em Rapa Nui tanto a área para plantio como o número de árvores era limitado, apesar da boa cobertura florestal da ilha.
A História de Rapa Nui
O que sabemos sobre a História de Rapa Nui se baseia principalmente em três campos de pesquisa: análise de pólen, arqueologia e paleontologia. Para fazer a análise de pólen, tiram-se amostras dos sedimentos de lagos e pântanos. Essas amostras revelam a variedade e a quantidade de plantas em períodos de centenas de anos. Quanto mais profundamente a amostra de pólen for encontrada entre os sedimentos, mais antigo será o período que ela representa.
A arqueologia e a paleontologia se concentram em coisas como casas, utensílios, os moai e os restos de animais usados como alimento. Visto que os registros dos rapa nui são hieróglifos difíceis de decifrar, as datas antes do contato com os europeus são aproximadas e muitas suposições não podem ser comprovadas. Além disso, certos fatos descritos abaixo podem coincidir com períodos adjacentes. Todas as datas em negrito são da Era Comum.
400: chegam entre 20 e 50 colonizadores polinésios, provavelmente em catamarãs com 15 metros ou mais de comprimento, capazes de transportar mais de 8 toneladas cada um.
800: diminui a quantidade de pólen nos sedimentos, sugerindo o início do desmatamento. Aumenta a quantidade de pólen de grama, à medida que as gramíneas se espalham por áreas desmatadas.
900-1300: descobriram-se muitos ossos de animais que são caçados para consumo humano durante este período. Cerca de um terço desses ossos são de golfinho. Para trazer golfinhos do alto-mar, os ilhéus utilizam enormes canoas feitas do tronco de grandes palmeiras. Das árvores se extrai também a matéria-prima para os equipamentos usados para transportar e erguer os moai, cuja construção está agora em pleno andamento. A expansão da agricultura e a necessidade de lenha fazem com que as florestas continuem diminuindo.
1200-1500: auge da construção de estátuas. Os rapa nui gastam muitos recursos para fazer os moai e as plataformas cerimoniais sobre as quais esses são colocados. A arqueóloga Jo Anne van Tilburg escreve: "A estrutura social dos rapa nui incentivava enfaticamente a produção de mais e maiores estátuas." Ela acrescenta que "aproximadamente 1.000 estátuas foram produzidas ao longo de uns 800 a 1.300 anos . . ., uma para cada sete a nove pessoas se levarmos em conta a população máxima estimada".
Aparentemente, os moai não eram adorados, embora desempenhassem um papel nos ritos fúnebres e agrícolas. Talvez tenham sido encarados como moradas dos espíritos. Parece que simbolizavam também o poder, o status e a genealogia dos construtores.
1400-1600: a população chega ao máximo — entre 7.000 e 9.000 pessoas. Desaparecem os últimos trechos de floresta, em parte devido à extinção das aves nativas, que polinizavam as árvores e espalhavam as sementes. "Toda espécie de ave terrestre nativa se extinguiu, sem exceção", diz Discover. As ratazanas também contribuíram para o desmatamento, pois há indícios de que comiam as sementes das palmeiras.
A erosão logo se espalha, os riachos começam a secar e a água se torna escassa. A partir de 1500, mais ou menos, não se encontram mais ossos de golfinho, possivelmente porque não havia mais árvores grandes o suficiente para a construção de canoas para navegação em alto-mar. Acabam as chances de fugir da ilha. As pessoas, desesperadas por comida, acabam dizimando as aves aquáticas. Comem mais galinha.
1600-1722: a ausência de árvores, o uso intensivo da terra e a degradação do solo contribuem para safras cada vez menores. Há fome em larga escala. Os rapa nui se dividem em duas confederações rivais. Aparecem os primeiros sinais de caos social, possivelmente até de canibalismo. É a era dos guerreiros. As pessoas passam a viver em cavernas para se proteger. Por volta de 1700, a população cai para aproximadamente 2.000.
1722: o explorador holandês Jacob Roggeveen é o primeiro europeu a descobrir a ilha. Isso ocorre na Páscoa, de modo que ele a chama de Ilha da Páscoa. Ele registrou sua primeira impressão: "A única impressão que se tem da aparência devastada [da Ilha da Páscoa] é de extraordinária pobreza e aridez."
1770: por volta dessa época, clãs rivais dos rapa nui que restam começam a derrubar as estátuas uns dos outros. Quando o explorador britânico capitão James Cook visita a ilha em 1774, encontra muitas estátuas tombadas.
1804-63: aumenta o contato com outras civilizações. A escravidão, agora comum no Pacífico, e as doenças ceifam muitas vidas. A cultura tradicional dos rapa nui praticamente cessa.
1864: todos os moai estão tombados; muitos foram deliberadamente decapitados.
1872: só restam 111 nativos na ilha.
Rapa Nui se tornou uma província do Chile em 1888. Atualmente, a população mista da ilha é de cerca de 2.100 pessoas. O Chile declarou a ilha inteira um monumento histórico. A fim de preservar as características e a História ímpares dos rapa nui, muitas estátuas foram reerguidas.
Que lição aprendemos?
Por que os rapa nui não viram o que ia acontecer e não tentaram evitar o desastre? Note os comentários de vários pesquisadores sobre a situação.
"A floresta . . . não desapareceu simplesmente da noite para o dia — ela foi diminuindo aos poucos, no decorrer de décadas. . . . Se um dos ilhéus tentasse avisar sobre os perigos do desmatamento progressivo, os interesses escusos de entalhadores, burocratas e chefes o silenciariam." — Discover.
"O preço que pagaram pelo modo como decidiram expressar suas idéias espirituais e políticas foi uma ilha que se tornou, em muitos sentidos, apenas uma sombra de sua forma natural anterior." — Easter Island—Archaeology, Ecology, and Culture (Ilha da Páscoa: Arqueologia, Ecologia e Cultura).
"O que aconteceu aos rapa nui sugere que o crescimento descontrolado e o impulso de manipular o meio ambiente além dos limites não são características apenas do mundo industrializado; fazem parte da natureza humana." — National Geographic.
O que acontecerá se não houver uma mudança na chamada natureza humana? Qual será o resultado se a humanidade continuar impondo à Terra — nossa ilha no espaço — um modo de vida ecologicamente insustentável? Segundo certo escritor, nós temos uma grande vantagem sobre os rapa nui. Temos os exemplos das "histórias de outras sociedades arruinadas".
Mas podemos perguntar: Será que a humanidade está prestando atenção a essas histórias? Em vista do desmatamento descontrolado e da contínua e rápida extinção de seres vivos na Terra, aparentemente não. No Zoo Book, Linda Koebner escreve: "A eliminação de uma, duas ou cinqüenta espécies terá efeitos imprevisíveis. A extinção causa mudanças antes mesmo de entendermos as conseqüências."
O livro Easter Island—Earth Island (Ilha da Páscoa — Ilha-Terra) traz este comentário significativo: "A pessoa que derrubou a última árvore [em Rapa Nui] sabia que aquela era a última. Mas mesmo assim a derrubou."
fonte: Revista "Despertai"